Estradas do Entroncamento levantam alcatrão em sinal de protesto

Algumas das estradas da chafarica a que alguns eufemisticamente apelidam de Concelho do Entroncamento, revoltaram-se e organizaram entre si um abaixo-assinado contra aquilo que designam de discriminação. A questão, apurou o nosso enviado especial (o fidedigno Sebento Andrajoso), reside no facto de, volvidos 31 anos, o 25 de Abril ainda ali não ter chegado.

"A malta sabe que em Portugal tudo anda devagar e devagarinho mas, há 31 anos que estamos à espera que alguém nos estenda por cima o tapete da liberdade! Isto é discriminação: uns são filhos e os outros enteados. Lá porque umas têm riscos ao meio e eles se abram, não quer dizer que nós não tenhamos também direito à vida. Quer dizer, umas levam o alcatrão todo e nós nenhum. Já viram isto é uma vergonha. O meu pavimento está tão coçado que até já tenho as pedras dos rins à mostra. É uma injustiça!", declarou uma das manifestantes ao nosso repórter.

Uma outra ainda foi mais longe: "Quer dizer, nós já estamos todas esburacadas e ainda temos que levar em cima com o Mercedes de 12 mil contos que a Câmara comprou para uso do presidente! Tá mal! Eu já mal aguento com as latas dos gajos do povo, ainda tenho que levar com o carro dos ricos?! Não pode ser!", declarou revoltada, por entre uma chuva de patadas de cavalo das bestas quadrúpedes da cavalaria da GNR.

Com o lema: "Tamos mais f****** que as meninas da Estrada de Tomar" o protesto foi liderado pela estrada que liga a Riachos, contando ainda com as presenças das estradas da Golegã, Barroca, da "avenida" do E'Leclerc, de algumas ruas urbanas e ainda das ruas de segunda que jamais sentiram o cheiro do alcatrão. Presenças notadas foram também as dos concelhos vizinhos de Torres Novas (compareceram em representação as estradas que ligam Riachos ao Botequim e a da Costa Brava), Vila Nova da Barquinha (que se fez representar com a estrada de Vale Seixo) e Golegã (que enviou a estrada da Azinhaga), fazendo ficar os respectivos edis e candidatos à renovação do tacho à beira de um ataque de nervos por pouco habituados a manifestações, as quais representam uma clara afronta à sua gestão clara, transparente e democrática.