quarta-feira, maio 04, 2005

Entroncamento vence concurso europeu de reciclagem

Não se fala doutra coisa. O "Município do Entroncamento" foi o vencedor de um concurso europeu que visava distinguir o concelho mais amigo do ambiente.
Com efeito o engenho do presidente e dos seus consultores/assessores artísticos é tal que conseguiram aproveitar parte substancial do ferro dos carris que a Refer recentemente havia substituído na linha do norte e usaram-no na concepção de uma das mais intrigadas, desconcertadas e fabulásticas obras de arte de que há memória, só mesmo comparáveis à Fonte de Marcel Duchamp e à Merda de Artista de Piero Manzoni (formas de arte bem menos ambientalistas do que a engendrada pelo génio dos autarcas ferroviários), verdadeira perpetuadora do melhor que o ready-made poderá oferecer.
A inqualificável obra de arte está por enquanto "montada" na rotunda junto ao novo pavilhão de desportos, embora se especule já que a sua exposição aos rigores climatéricos possa diminuir em muito o tempo de vida deste valiosíssimo legado artístico e cultural dos primórdios do século XXI às gerações futuras, razão pela qual se equaciona adaptar o pavilhão para receber tão importante abjecto, passando o mesmo a ter uma utilização muito mais nobre que as habituais manobras propagandísticas de pré-campanha em ano de eleições. Jaime Somar o presidente da edilidade fez questâo de realçar a genialidade da obra e do artista, declarando ao nosso repórter (e para quem mais quis ouvir): "É pá, esta coisa... - ó Férias, o que é que é isto? - disse virando-se para o deputado municipal da oposião João Férias - Isto é mesmo uma obra linda! Nem o Rodriguinhos se lembraria de uma cena destas. E, saíu bem mais barata que o Mercedes!"
A obra de arte que venceu a o prémio europeu, junta-se assim a outra produção metalúrgica de nomeada, já anteriormente vencedora do mesmo galardão (na edição de 2001), que é a rotunda das freguesias de Torres Novas. Com esta nova vitória, Portugal passou a ter três prémios (o primeiro havia sido alcançado com uma obra do metalúrgico do momento, Coelho à Caçador - a Barca), o que fez com que os nossos concidadãos europeus tenham ganho redobrado interesse num exaustivo case-study à nossa população depois do interesse inicial suscitado pelos êxitos do mais recente lacaio do mafioso russo Abre-me-o-bicho.
Com esta nova vitória (de uma obra baptizada de Aranha do Corno - devido à configuração da mesma as hastes dos cornudos que ali passam tendem a prender-se nas nas patas da aranha, impossibilitando deste modo o corno de ferir algum transeunte) relança-se também a indústria metalúrgica ribatejana, muito em voga noutros tempos, no que é já apontado como um movimento de revivalista tributo ao génio de um outro metalúrgico-maníaco muito popular entre as senhoras quequas do jet-set nacional há coisa de cem anos...