domingo, outubro 16, 2005

Feiras de Fumeiro, Vinhos e Queijos

Todos os quatro anos a mesma rotina. Um pouco por todo o país, em 308 estabelecimentos de caça ao voto, se fazem feiras de promessas vãs que todos sabemos, inclusive os autores das mesmas, não existir qualquer intenção de cumprimento. Ainda assim, vendemos o nosso voto a troco de um aperto de mão a tão importantes personagens, as quais também só vemos uma vez a cada quatro anos, precisamente, quando surgem em longas, ruidosas e animadas procissões de embuste, com engodos variados, esferográficas, chapéus e barretes (para no-lo enfiarem por mais quatro anos), autocolantes (com boa cola, para não nos esquecermos que a merda quando se agarra à sola dos sapatos não desgruda sem afincada luta), t-shirts, pin’s (bem mergulhados em substâncias alucinógenas de efeito prolongado para que durem até ao momento do voto), porta-chaves, sacos e pauzinhos (a forma delicada de, logo que votemos, nos mandarem á merda), e toneladas de papel para a reciclagem, que na maior parte das vezes nem abrimos para não termos tendências depressivas ou suicidas com a falta de qualidade dos programas e dos imbecis que se nos propõem governar.
Desta vez, porém, os candidatos em algumas regiões do país aproveitaram as feiras de vinhos, queijos e enchidos dos super e hipermercados que ocorrem habitualmente por esta época para, usando dos antigos esquemas das meninas para conquistarem os seus machos, pela barriga, distribuindo amiúde tão inusitados pitéus: desde o afamado chouriço com a foto do porco em quem se deve votar, à garrafinha de vinho com a fotografia do mais bêbado, ao queijo obtido através do processamento do leite de…
Prova de que a criatividade dos políticos e respectivos assessores não tem limites, mas que a tradição ainda é o que era, em suma, numa simbiose perfeita entre tradição e modernidade, fomos este ano brindados com tão vanguardistas prendas. Os produtores e os hipermercados, enquanto distribuidores agradecem. O estômago do português também. Resta agora esperar pela generalização do fenómeno a todo o território nacional. Daqui a quatro anos veremos.