segunda-feira, novembro 21, 2005

Em Estado de Choque


Depois da demissão da anterior equipa dirigente da unidade de desenvolvimento do Choque Tecnológico (também conhecido por Plano Tecnológico) e dos fracassados choques de gestão, choque de competência e choques afins, o ultra-chocado e moribundo país, a tal ponto que os choques são já vistos como pura rotina e portanto, completamente ignorados, entendeu por bem vender a barragem de Cahora Bassa.
“Afinal, para que é que precisamos daquela merda? Aquilo não passa de um Elefante Branco. Durante dezenas de anos as clientelas partidárias dos sucessivos governos já se alimentaram daquilo tudo o que podiam – tanto assim é que o ano passado já deu lucro”, explicou Tachinho dos Santos. “Nós temos que nos desfazer daquilo quanto antes. É que aquela treta o ano passado deu lucro. Vai disto e todos os gestores públicos resolviam fazer do lucro das empresas públicas, moda. Como é que nós empregávamos os nossos boy’s se, por causa de um investimento de treta em África que dá lucro, os portugueses deixassem de ver aqueles programas que cozinhamos para eles em conjunto com as TV’s e as elites que pretendem continuar elites, e começassem a exigir que as empresas do Estado dessem lucro? Onde iríamos arrumar os Fernandos Murcões, os Armandos Varinhas de Condão, os Guilhermes d’Oliveira Tintins e demais monos que infestam a Ratazana?” questionou Sófocles. “Agora que o Choque Tecnológico já fez curto-circuito, e uma vez que não precisamos de energia, resolvemos vender aquilo aos nossos irmãos moçambicanos, os quais pagarão daqui a duas ou três gerações, quando já não houver barragem nem ninguém se lembrar desta venda, aos meus bisnetos, e aos bisnetos da malta do governo do Pouco Socialista Partido.