segunda-feira, novembro 21, 2005

Sapateiro e Sófocles garantem TGV antes de 3015

A cimeira luso-espanhola que decorreu este fim-de-semana em Évora fechou com um acordo para que o TGV em Portugal possa ser uma realidade antes de 3015.
Quem o garante são Sófocles e Sapateiro, respectivamente, os Primeiro-Ministro de Portugal e Espanha, que terão acordado que o TGV avance definitivamente em Portugal antes de o Sol, exauridos os seus recursos, inicie o processo de expansão e ulterior contracção até se converter numa anã branca, fria e sem luz, tal como a luz que, ao fundo do túnel, se anuncia para o projecto do TGV.
Assim, soubemos de fonte segura, depois do Sebento Andrajoso ter furado o bloqueio informacional com uma das esfomeadas assessoras de Sófocles, que a futura linha será construída ao prodigioso ritmo de 200 metros por ano (por termo de comparação use-se o ritmo de recuo das cataratas do Niágara cuja velocidade não ultrapassa o singelo metro anual, para deste modo se poder aferir do ritmo estonteante que será necessário imprimir na obra para que os prazos possam ser efectivamente cumpridos), custará qualquer coisa como um bilião de euros por metro - 999.999.999€ em estudos, comissões e pareceres e 1€ em materiais, mão de obra, equipamento, etc..
Sabe-se já que foram contratados 96.789 boys rosinhas para gerirem o projecto, os quais poderão ainda contratar assessores, assessores de assessores, directores, sub-directores, sub-sub-directores, chefes com fartura e sub-chefes, num total nunca superior aos 300.000 por limitação do número de mão de obra disponível, uma vez que os desempregados são apenas meio milhão e há que não ocupar todos, pois resta ainda por preencher os quadros que serão abertos pelo projecto do novo aeroporto da OTA.
A futura empresa RAVE (a qual designa justamente o tipo de gestão que tem tido – ao sabor dos mais loucos e extravagantes eventos musicais, com muito sexo, álcool e droga e sem qualquer rumo definido) criará um quadro de pessoal nunca superior a 100 funcionários por força das restrições orçamentais que obrigaram à contenção na admissão de novos funcionários públicos, muitos dos quais serão inclusivamente transferidos do quadro de supranumerários do estado para a RAVE. Assim, as enfermeiras poderão abraçar a profissão de assistentes de bordo, médicos e professores poderão concorrer às 12 vagas de maquinistas.
Quanto aos professores coordenadores dos politécnicos que serão despedidos por força da extinção de inúmeros institutos politécnicos poderão, concluído o doutoramento, concorrer a vagas para mecânico, auxiliar de limpeza, ou barman, se preencherem um requisito essencial: serem poliglotas.
O ex-deputado Paulo Merdoso foi também nomeado por Sófocles animador dos espaços infantis dos futuros comboios, cujo contrato de construção está já a ser cozinhado entre o governo, algumas empresas e seiscentos escritórios de advogados, responsáveis pelos pareceres relativos à melhor proposta técnica e financeira.